Trekking nos Lençóis Maranhenses

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Uma das travessias mais espetaculares para quem busca paisagens intocadas é, sem dúvidas, o trekking no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses

Considerada por muitos como uma das travessias mais fascinantes da América do Sul, o trekking no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses garante admiradores em todo o mundo que se apaixonam pelos encantos da região. Desbravar as belezas naturais dos Lençóis Maranhenses é uma grande superação, já que a travessia exige certo esforço físico e pode ser dificultosa para algumas pessoas, mas podemos afirmar que nesse cenário de contemplação todo o esforço é compensador.

São poucas as agências que contam com autorização para fazer a rota, por se tratar de um Parque Nacional com algumas características próprias, por segurança, apenas quem nasceu nas próprias comunidades dos Lençóis Maranhenses pode exercer tal função. Algumas complexidades exigem tais cuidados, já que os Lençóis contam com um imenso espaço territorial – são aproximadamente 150 mil hectares de dunas cheio de lagoas nos meses de maio a agosto, podendo ir até setembro conforme as chuvas.

Em um dos extremos, uma imensidão de areia beirada por um litoral com 70 km de extensão contorna as dunas que podem chegar a 50 metros de altura. A paisagem é colossal, com formato geográfico único. Além do que, com o forte vento da região as dunas movem de lugar diariamente. Dessa maneira, apenas um nativo é capaz de se localizar em um ambiente tão inóspito com mudanças frequentes no cenário.

A travessia dos Lençóis Maranhenses pode ser feita em no mínimo 4 dias, podendo estender caso você queira ficar uns dias a mais relaxando em um dos oásis encontrados em meio aos Lençóis. Essa segunda opção pode ser uma boa para quem tem um período maior, acredite, quando você chegar nas comunidades você vai querer ficar mais tempo.

São oásis naturais em pequenos vilarejos rústicos sem grandes luxos, mas com uma riqueza natural imensurável. Mas de qualquer forma, mesmo que sua travessia seja de 4 ou 5 dias, você irá pernoitar nessas comunidades podendo desfrutar um pouco desse paraíso.

Como a cheia das lagoas ocorrem como um fenômeno natural, procure fazer a travessia logo após a época de chuvas do estado. Normalmente isso ocorre entre o período de junho até agosto, podendo ir até setembro dependendo do ano em que você for visitar. Entretanto, mesmo na seca, o cenário ainda é incrível, mas não possibilita apreciar os banhos que o destino oferece. Por isso, certifique-se com antecedência para ir na época desejada.

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Roteiro


1ª Dia – São Luís / Barreirinhas / Rio Preguiça / Atins / Canto de Atins
2ª Dia – Canto de Atins / Baixa Grande – 32km
3ª Dia – Baixa Grande / Queimada dos Britos – 9km
4ª Dia – Queimada dos Britos / Bethânia / Santo Amaro / São Luís – 13 km

Dia 1 – São Luís x Canto de Atins


Saindo de São Luís rumo a Barreirinhas, município que é porta de entrada para o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, embarcamos no cais principal em uma “voadeira”, uma pequena embarcação bem comum na região. Cruzamos parte do Rio Preguiça, uma fluente de águas calmas cercada por uma vegetação cheia de pés de açaí, pequi e outras espécies locais, até chegar na outra ponta, no vilarejo de Atins.

Deixando a voadeira para trás, partimos em uma 4×4 contornando as dunas durante alguns minutos, seguindo o trajeto até o ponto inicial da nossa travessia no Canto de Atins, um vilarejo com poucas casas, localizado em frente as dunas.

Quando chegamos logo fomos recomendados a provar o camarão da Luzia, uma especialidade da cozinheira nativa do vilarejo, muito indicada na região. O camarão é temperado com ingredientes super secretos que a Luzia não conta para ninguém. Se você quer um conselho, não saia de lá sem provar esse camarão, não vai se arrepender! Depois de uma refeição caseira com aquele tempero nordestino único, fomos contemplar o primeiro entardecer nas dunas, seguindo de um dos céus estrelados mais impressionantes que já vi.

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Foto: Gustavo Albano

Dia 2 – Canto de Atins x Baixa Grande


No meio da madrugada iniciamos os últimos preparativos para a caminhada. São 32 km diretos até chegar primeira parada de apoio dentro do parque, o vilarejo Baixa Grande, onde pernoitaremos antes de seguir a caminhada do dia seguinte. Boa parte da distância percorrida no primeiro dia é beirando a praia, sem subidas, o que facilita bastante o trajeto até chegar na primeira duna.

Depois de andar por algum tempo, a paisagem começa a alterar, e aos poucos, a praia e a pequena vegetação de onde saímos começa a sumir no horizonte. Surgem infinitos montes de areia branca à perder de vista. Eram aproximadamente 4 horas da manhã quando começamos a andar.

Para não ficar exposto no Sol durante longos períodos, a travessia tem início pela madrugada terminando as caminhadas do primeiro dia no final da manhã. A previsão para chegada no primeiro ponto varia de 11 horas e meio dia, tempo exato para poupar os aventureiros do Sol a pino.

Mesmo andando de madrugada, a luz da Lua e o céu estrelado garante uma iluminação mínima, possibilitando a caminhada sem luz artificial. Começar o trajeto nesse período também possibilita curtir uma das máximas da viagem, que é ver o nascer e o pôr do Sol em meio as dunas, espetáculo à parte.

Com algumas pausas obrigatórias, descansamos aproveitando as inúmeras lagoas de água doce que encontramos pelo caminho, até chegar na nossa primeira parada. Quando chegamos o almoço já estava praticamente pronto para nossa recepção.

Pé na areia, uma casa simples com um grande coqueiro na frente, que ajuda identificar a moradia em meio ao horizonte cheio de dunas. A comida era caseira preparada com todo o cuidado, e os vegetais oferecidos eram plantados em uma horta suspensa no próprio quintal da casa, alternativa muito comum adotada pelas famílias da região.

Foto: Marcos Lana
Foto: Gustavo Albano

Dia 3 – Baixa Grande x Queimada dos Britos


Já no meio do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, amanhecemos na Baixa Grande, uma pequena vila encravada no meio de um oásis natural. Logo atrás grandes dunas e lagoas cercam as poucas casas do vilarejo, ao todo nem 10 famílias habitam essa primeira parada, e no caminho, dificilmente você encontrará outras pessoas. A paisagem surreal e a imensidão dos Lençóis nos dá uma sensação indescritível. A receptividade rústica se isenta de grandes luxos e comodidades, mas sinceramente, você não sentirá falta de nada disso. As acomodações também são simples e os viajantes ficam em redes, o que não proporciona muito conforto aos menos adaptados, mas a simplicidade de um cenário intocado como esse pode ser uma experiência a mais no seu roteiro, sem citar os moradores, que nos recebem com um sorriso no rosto, dispostos a mostrar o melhor da região.

Depois de aproveitar os últimos momentos no vilarejo, nos despedimos e seguimos nossa travessia sentido a próxima parada. Passando por mais algumas lagoas de diferentes tamanhos começamos avistar um pequeno ponto verde ao fundo, que aos poucos se transforma em uma vegetação cobrindo todo aquele branco. A vila Queimada dos Britos surgiu um pouco depois, também em um oásis separado por uma distância de 9 km da primeira parada. Por lá o movimento é um pouco maior, são em média 15 famílias habitando a vila e é a segunda parada para quem está fazendo o trekking.

Enquanto aprontavam as refeições, castanha de caju torradas na brasa eram servidas em abundância. Cada gesto era uma tentativa de agradar ao máximo os viajantes que acabavam de chegar no paraíso. Depois de um banho para refrescar ficamos ouvindo as inúmeras histórias da região, conhecendo mais sobre as pessoas que vivem em uma das paisagens mais impares do planeta.

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Foto: Gustavo Albano
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Foto: Gustavo Albano

Dia 4 – Queimada dos Britos x São Luís


Quem nos guiou do início ao fim foi o Jô, um dos guias mais engraçados que já conheci circulando por aí. Ele é guia da agência Mangue Brasil Turismo, sediada em São Luís (MA). Ele nasceu na vila Baixa Grande, e é neto do primeiro homem a habitar as comunidades dos Lençóis, chegando lá por volta dos anos 70, originando a primeira comunidade. A trajetória do cearense foi motivada pela busca de novas terras, viajando do Ceará até o Maranhão a pé, sem estrutura alguma. Quando encontrou vegetação nos Lençóis optou pelo lugar como moradia, mesmo localizado em um “deserto tropical” que fica praticamente seco boa parte do ano, o fácil acesso a praia e a possibilidade de fazer poço artesiano para garantir água potável foram motivos suficientes para habitar a região. No filme Casa de Areia, filmado nos Lençóis Maranhenses também é retratado a dificuldade de adaptação dessas pessoas na região. As famílias das vilas Baixa Grande e Queimada dos Britos também participaram da produção do filme, servindo de suporte para todo o elenco e a produção.

Nosso último dia de expedição termina saindo da vila Queimada dos Britos ainda nas primeiras horas do dia. Logo após o café da manhã partimos para o último dia de travessia sentido povoado de Bethânia e depois para a pacata Santo Amaro do Maranhão, cidade interiorana também conhecida por ser uma outra alternativa para que visita os Lençóis. Serão mais 13 km de caminhada até a última parada, o amanhecer é contemplado ainda na caminhada, com mais algumas paradas para banho. No final do trajeto, passamos pela Lagoa da Gaivota, a maior da região presente na paisagem o ano inteiro. Chegando no povoado de Bethânia, uma pequena canoa já nos espera para atravessar o rio de água mansa, depois seguimos a viagem em uma 4×4 retornando para a capital São Luís. Um pouco cansados da travessia, mas apaixonados, com muita história para contar.

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Foto: Gustavo Albano

Antes de fazer a travessia, nos equipamos com alguns acessórios essenciais para aguentar o trekking com conforto E segurança. Para quem vai se aventurar, abaixo listamos alguns itens que utilizamos durante o trekking. Para acessórios mais específicos aconselho passar em algum ponto de venda CURTLO e garantir utensílios que serão indispensáveis durante a viagem.

O que levar


  • Mochila cargueira de médio porte;
  • Tênis ou botas pré-amaciadas com meias reservas;
  • Roupa leve de cor clara para a caminhada;
  • Chapéu ou boné;
  • Capa de chuva;
  • Filtro solar;
  • Repelente de insetos;
  • Lanterna leve (com pilhas reservas);
  • Saco plástico para o lixo na trilha;
  • Cantil ou squeeze com água;
  • Medicamentos tomados regularmente;
  • Bastão para caminhada (opcional);
  • Câmera fotográfica (prioridade);

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