Um dia no campo com os gaúchos da Patagônia chilena

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Agroturismo no sul do Chile: trilhas, bosque, cavalgadas e paisagens cênicas para conhecer nas fazendas e estâncias da Patagônia

Puerto Natales está na Província de Magalhães e Antártica Chilena, um dos pontos mais cobiçados por aventureiros que visitam o país, localizada no extremo sul do Chile e próximo da divisa com a cidade de El Calafate, na Argentina. Essa é uma das paradas indispensáveis para quem faz a Ruta del Fin del Mundo. Do lado chileno, Puerto Natales serve como a principal base para quem busca lugares belíssimos, como os encontrados nessa parte da Patagônia e em especial no Parque Nacional Torres del Paine, uma região formada por paisagens cênicas no coração da Patagônia: lagoas, canais, bosques, glaciares e inúmeras montanhas pintadas de branco – uma verdadeira fábrica de cartão postal.

É em um cenário de filme, vivendo entre as montanhas nevadas da cidade de Puerto Natales e às margens do canal Última Esperança, que os gaúchos da Patagônia chilena ainda guardam seus costumes e heranças campesinas, originadas pela influência europeia e pela cultura do campo. Boa parte formada por netos e bisnetos de imigrantes que fizeram morada entre essas montanhas frias e distantes. Eram ingleses, escoceses, croatas e espanhóis, que chegaram no extremo sul das américas motivados por crises econômicas e políticas.

Foto: Gustavo Albano
Foto: Gustavo Albano

Durante gerações, trabalhar na fazenda e no campo eram algumas das principais atividades da época, criando uma cultura diferente de outras partes do Chile. Apesar do clima extremamente frio da Patagônia, as fazendas se dedicavam à criação de ovelhas e faziam comércio com a carne, couro e lã do animal. Por ser uma região pouco habitada, a maior parte das fazendas foram divididas em terrenos extensos, com grandes hectares de terra e áreas preservadas, ainda cobertas por mata nativa. Um santuário natural para a preservação de raposas, lebres, cavalos e bois selvagens, huemul (espécie de cervo andino) e uma infinidade de pássaros e aves árticas.

Foto: Gustavo Albano

Do outro lado do canal de Última Esperança (Ultima Esperanza), partindo de Puerto Natales, a Península Antônio Varas é um desses lugares escondidos e inteiramente preservados da Patagônia. Algumas (poucas) fazendas foram adaptadas e hoje permitem a experiência autêntica de passar alguns dias com os gaúchos chilenos. Nessa experiência os visitantes aprendem mais sobre a vida no campo e podem interagir com os nativos em um intercâmbio muito interessante, além de participar das atividades na fazenda, fazer cavalgadas e viver um pouco da rotina rural da Patagônia.

Não se trata de grandes hotéis ou pousadas de charme, mas o conforto é garantido e você é tratado como um hóspede. Nessa vivência os próprios nativos abrem a porta de casa para receber turistas e mostram como é o dia a dia na região mais austral do mundo. Com um seleto número de acomodações, a Estancia Mercedes recebe no máximo 6 hóspedes por vez, para que assim, possam manter a mesma atenção e qualidade na hora de receber os visitantes. A centenária Estancia Mercedes já está na terceira geração de moradores, permanecendo na mesma família desde 1916. Os bisnetos são os pioneiros que começaram a trabalhar agroturismo nessa parte do Chile.

Foto: Gustavo Albano

A travessia do canal de Última Esperança até a Península Antônio Varas, dura cerca de 10 minutos, onde está a estância. O trajeto é feito de barcos ou balsas, partindo do centro de Puerto Natales. A Estancia Mercedes oferece o serviço de transfer para hóspedes com horário agendado, sendo uma opção para quem não está com veículo próprio.

Foto: Gustavo Albano

Em toda a fazenda não há conexão de internet, tão pouco qualquer movimento de turistas próximos. Nessa viagem o que manda é a imersão por inteiro na Patagônia. Certamente você não sentirá falta de nada disso do mundo exterior, mesmo que passe alguns dias a mais hospedado de forma isolada, apenas conectado com algo maior: a natureza na sua essência, com mínima interferência humana.

Foto: Gustavo Albano

A energia elétrica é criada por um gerador improvisado no próprio celeiro da fazenda, em uma área protegida pela neve. A luz é ligada diariamente ao anoitecer, e na sequência, desligada assim que todos se preparam para dormir. O trabalho na criação de ovelhas ainda continua, mas com um número reduzido de animais, espalhados em uma pequena parcela dos mais de 13 mil hectares que fazem parte da estância.

Com o começo do inverno se aproximando cada vez mais na Patagônia, o dia começa a amanhecer apenas por volta das 9h30 da manhã, com uma luz típica do mês de junho. O entardecer por volta das 17h30 era outro sinal de que o outono estava ficando mesmo para trás, junto com as cores avermelhadas que começavam a ir embora.

Foto: Gustavo Albano

Para se proteger do frio extremo, todas as áreas internas da casa têm calefação, aquecedor ou lareira. Itens de sobrevivência indispensáveis em uma região tão fria. Para minimizar a sensação térmica, a ducha é aquecida com gás encanado, que garante sempre um banho quente. Antes mesmo do inverno começar, é normal registrar temperaturas negativas beirando os – 9°C, principalmente nas primeiras horas da manhã. Aos poucos, com o inverno se firmando, essas temperaturas se tornam surreais.

A estância, administrada pela família dos García Iglesias, tem apenas 5 membros. Todos tomam contam das atividades da fazenda e recepcionam os turistas para as vivências. Muitas coisas são feitas diretamente na fazenda, como os destilados e as cervejas artesanais. As fartas refeições são sempre acompanhadas de um bom vinho chileno, uma entrada como ceviche de salmão ou de carne, uma infinidade de pratos típicos do campo, carnes de corte e doces são servidos em abundância.

Para os adeptos e apaixonados por cavalos, as aulas de cavalgada buscam mostrar um pouco da cultura gaúcha presente na família e na Patagônia de forma geral. Os campesinos são muito conhecidos pela habilidade na montaria de cavalos, mesmo em lugares com muita neve e bosques fechados. Os hábeis domadores criam uma conexão de respeito e dependência dos animais, criando um laço diferente. Quer ver como foi essa experiência? Confira as fotos da viagem feita pelos nossos colunistas.

Foto: Gustavo Albano
Foto: Gustavo Albano
Foto: Gustavo Albano
Foto: Gustavo Albano
Foto: Gustavo Albano
Foto: Gustavo Albano
Foto: Gustavo Albano
Foto: Gustavo Albano

* Essa viagem foi feita a convite da Chile Travel em colaboração com o Guia Viajar Melhor.

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